DIA TRABALHADOR DA SAÚDE
Jaú é representada em Sessão Solene da Alesp que celebrou Dia Estadual do Trabalhador da Saúde: reflexão em defesa da categoria
José Roque Ferreira de Lima, 39 anos, funcionário do Hospital Amaral Carvalho, foi o indicado pela região de Jaú para evento que abordou a falta de valorização ao trabalhador da categoria.
José Roque Ferreira de Lima, 39 anos, funcionário do Hospital Amaral Carvalho, foi o indicado pela região de Jaú para evento que abordou a falta de valorização ao trabalhador da categoria.
A cidade de Jaú e região foi representada por um técnico de enfermagem na Sessão Solene de Homenagem ao Dia Estadual do Trabalhador da Saúde. O evento, realizado dia 10 na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), celebra uma categoria crucial para salvar vidas, mas que não tem o devido reconhecimento.
Ao todo, 14 profissionais de diferentes sindicatos da saúde, receberam a homenagem em nome de mais de 700 mil que trabalham na categoria no Estado. José Roque Ferreira de Lima, 39 anos, funcionário do Hospital Amaral Carvalho, foi o indicado pela região de Jaú.
Roque fez parte da delegação jauense, que contou com a presidente do SindsaúdeJaú, Edna Alves, além de diretores e trabalhadores da área. Na solenidade, Roque foi acompanhado da irmã Natalia e do companheiro Lucas.
Hoje, ele concluiu o curso de enfermagem e já atua como enfermeiro. Questionado se essa mudança de função iria comprometer sua luta em defesa do sindicato e pela mobilização maior da categoria, ele disse que vai continuar sendo a mesma pessoa. “Vou continuar defendendo os direitos da enfermagem”, comentou
DIREITOS – Na solenidade, o presidente da Federação, Édison Laércio de Oliveira, elogiou a categoria e deu o tom da reflexão. Destacou que os direitos dos trabalhadores, garantidos em acordos e convenções, estão ameaçados e que a categoria precisa se fortalecer para defendê-los e melhorá-los
“Muitos dos que fizeram greves no passado e perderam seus empregos para conquistar os direitos que temos nos instrumentos coletivos hoje, nem receberam seus direitos trabalhistas. Nada do que está nos Acordos ou Convenções foi dado por patrão, ou Congresso. Foram conquistados com muita luta”.
Édison criticou o STF por ter alterado a lei do piso da Enfermagem e destacou o período crucial de negociações que a categoria vive. Também pontuou a importância de incluir a juventude no movimento sindical para fortalecer a luta. “É preciso lutar para manter as conquistas em respeito àqueles que lutaram antes”.
A solenidade foi presidida pelo deputado Rafael Silva, autor da lei que homenageia a categoria 20 anos atrás, e também pelo presidente da Federação da Saúde. Também participaram da cerimônia o deputado federal Ricardo Silva, filho de Rafael. Presidente da UGT-SP, Amauri Mortágua. E diretora regional da Uniglobal Union, Lúcia Lindner.
VÍDEO – Foi apresentado um vídeo produzido pelo Sinsaúde Campinas, abordando o fato de que a saúde é feita por todos, incluindo enfermagem, apoio, médicos e demais. Foi lembrado da origem do dia 12 de maio para homenagear os enfermeiros, inicialmente, e depois todos os trabalhadores da saúde.
No vídeo, Rafael Silva falou dos 20 anos da lei e da participação ativa do presidente Edison de Oliveira. Edison, por sua vez, falou do pioneirismo do sindicato de Campinas em conquistar a data comemorativa, depois estendida para muitas outras cidades e até o Estado todo. Ricardo Silva deu seu depoimento dizendo que tenta aprovar na Câmara dos Deputados um projeto de lei que cria o Dia Nacional do Trabalhador da Saúde.
“Vamos homenagear o pessoal da saúde, é pouco, vamos fazer justiça”, comentou o deputado Rafael Silva. Garantiu que essa sessão solene é a mais comemorada na Alesp. “É um orgulho para nós todos, uma alegra ter a assembleia cheia de trabalhadores que fazem de tudo pela vida do seu semelhante.”
SEM VALORIZAÇÃO – O deputado federal Ricardo Silva também falou do sentimento que nutre pela categoria. Citou a lei aprovada do piso nacional da enfermagem, mas que acabou contestada pelos patrões da saúde. “No Supremo Tribunal Federal, os ministros não olharam para vocês, da saúde, e mudaram a lei de forma absurda.” Para ele, é preciso da participação da sociedade para lutar pelos direitos. E aí entram os sindicatos e os sindicalizados, que precisam se envolver nas lutas diárias da categoria.
“O que está acontecendo no rio Grande do Sul, mais uma vez vão chamar os trabalhadores da saúde para salvar aquelas vítimas” Ele disse isso para lembrar que a tal valorização falada na pandemia não chegou ainda à categoria. Disse que a felicidade é o que todos buscam, mas nem sempre está ao alcance do trabalhador da saúde, que precisa salvar vidas e salvar sua própria vida e de familiares. “Na pandemia foram chamados de heróis, mas na hora da valorização os interesses econômicos tomaram uma proporção absurda”, disse, apontando que os patrões levaram em consideração apenas os próprios interesses para não pagarem o piso.
Presidente da UGT-SP, Amauri Mortágua, falou da lei do piso nacional, que foi aniquilada pelo STF e pela regulamentação dos órgãos federais. Disse ainda que outra frente tenta aniquilar com os sindicatos, acabando com o custeio das entidades. Se não de forma direta, mas indireta, regulamentando a relação entre o trabalhador e o seu próprio sindicato. O ugetista falou da importância da eleição deste ano, votando em quem tem compromisso com a categoria.
SINDICALISMO – O presidente da Federação, Edison Laércio de Oliveira, disse que duas décadas atras quando se criou a lei estadual, era gostoso fazer sindicalismo, ir para as ruas e ver os companheiros do lado esquerdo e direito. ´Direita e esquerda que hoje, infelizmente, dividem o país e colocam no lado mais fraco o trabalhador que se digladia por políticos que não merecem nossa esperança.
Nas negociações de outrora se buscavam direitos, já que não tinha nada. Hoje, os patrões dizem não a tudo o que se pleiteia e dizem não aos benefícios conquistados pela luta de nossos amigos. Luta em greves para conquistar o que hoje muitos usufruem. Pena que os patrões querem tirar tudo isso. “Muitos pensam que os benefícios que temos hoje são os patrões que dão. Mentira. O patrão não dá nada. E querem tirar o que temos.”
Diante dessa ameaça, ele convoca os profissionais da saúde a irem para dentro dos sindicatos, conhecerem as convenções, ler e entender as cláusulas e buscar defendê-las. As campanhas salariais estão em andamento. “É hora de atender ao chamamento das lideranças sindicais, pra que esses direitos permaneçam onde estão, em respeito a quem lutou.”
O próprio feriado da categoria em 12 de maio está sendo questionado. ”É uma folga a mais para todo mundo. Não é só para quem trabalha no dia. É para todos. Um dia de festa, mas uma festa regrada à reflexão. É o momento para expor a todos a verdadeira situação da estrutura sindical.” Estrutura esta, segundo Edison, ameaçada por todos os lados e por todos os poderes.
Sobre o Piso Nacional da Enfermagem, Edison disse que os poderes decidiram a favor dos patrões. Quem não pode pagar não paga. Ou só paga se o governo federal mandar o dinheiro. Nos estabelecimentos privados só vale se negociar, mas os patrões não querem negociar. Criaram empecilhos como proporcionalidade, negociação, data-base e outras… “Não tem mais piso, o que vale hoje é a negociação coletiva. Senão não teremos nada. Não existe direito adquirido de benefícios coletivos.”
Homenageados de Jaú e Região na Alesp desde 2008
2008 – Maria de Lourdes Raminelli Guarnieri
2009 – Simone Cristina Antunes
2010 – Maria do Espírito Santo Costa
2011 – José Francisco Parice
2012 – Maria Jerusa de Abreu
2013 – Maria Aparecida Ricardo Herrera
2014 – Arlindo de Sousa Medeiros
2015 – Maria Vilma Gomes de Barros
2016 – Aparecida Coraza Alves
2017 – Eva Ana de Souza
2018 – André Luiz Alves Bueno
2019 – Silvana Gibin
2020 – não teve sessão (pandemia)
2021 – não teve sessão (pandemia)
2022 – Claudio Breda Júnior
2023 – Sofia Claudete Rodrigues Borges
2024 – José Roque Ferreira de Lima