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Quinta, 18 de abril de 2024

Corte do governo Dória atinge Santas Casas: a de Jaú vai perder R$ 1 milhão no ano

Estimativa é que todo o setor perca R$ 80 milhões por ano do orçamento para a área

09 de Jan 2021 - 06h:38 Créditos: Paulo César Grange, com Ag.Brasil e HoraH
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A Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp) disse que o corte de recursos de 12% pelo governo do estado de São Paulo nos Programas Pró-Santas Casas e Santas Casas SUStentáveis prejudicará o atendimento à população nos hospitais filantrópicos e santas casas paulistas, principalmente no contexto de combate à pandemia de covid-19.

“Em meio à maior crise de saúde mundial, as 180 entidades que realizam a maior parte do atendimento no estado terão corte de R$ 80 milhões no ano”, informou o diretor-presidente da Fehosp, Edson Rogatti.

Jaú

Em entrevista ao portal Hora H Notícias nesta semana, o provedor da Santa Casa de Jaú, Alcides Bernardi Jr,  falou sobre esse corte. Provedor da Santa Casa de Jaú, "O corte representará quase R$ 1 milhão neste ano'. E prossegue: “recurso que não é fácil de conseguir através de emendas parlamentares, por exemplo”. Ele disse que os governantes “precisam cuidar da Saúde e não cortar recursos” como está fazendo o governador João Doria. No caso específico de Jaú, 85% dos atendimentos da Santa Casa são do SUS.

“Tem que protestar e pressionar o governo a rever isso aí. A tabela [de procedimentos] SUS não aumenta há quase 16 anos e ainda vão cortar repasse?” – questionou, indignado. “E tudo está subindo de preço. O milheiro de luva plástica que custava R$ 140 um ano atrás, agora está saindo por R$ 790. Sabe quantas a gente usa na Santa Casa? De 400 mil a 450 mil luvas por mês. Isso dá quase R$ 4 milhões no ano!”

Diário Oficial de SP

A resolução com o corte foi publicada na quarta-feira (6), no Diário Oficial do estado. A Fehosp encaminhou ao governador João Doria um ofício apresentando custos das instituições que representa, na tentativa de impedir a redução dos recursos.

No ofício, a Fehosp explica que, de cada R$ 100 gastos em procedimentos pelas Santas Casas e hospitais filantrópicos, o Sistema Único de Saúde (SUS) repassa o valor de R$ 65. Os programas que sofreram cortes recebem tais recursos do governo do estado como forma de minimizar esse déficit das Santas Casas e hospitais filantrópicos.

Em mais de 200 municípios do estado, esse modelo de instituição é o único equipamento de saúde para atendimento à população, segundo a Fehosp. Em todo o estado, o setor destina mais de 47 mil leitos de enfermaria e mais de 7 mil leitos de UTI ao SUS, e é responsável por mais de 50% das internações e mais de 70% dos atendimentos em alta complexidade, como oncologia, cardiologia e transplantes.

Dados da Fehosp apontam que, em relação aos pacientes com covid-19, em algumas regiões do estado, como Araçatuba, Barretos, Franca e Presidente Prudente, os atendimentos são 100% filantrópicos e nas demais regiões, com exceção da capital, em média 60% dos atendimentos de covid-19 são em hospitais desse perfil.

“Os programas estaduais já sofriam com defasagem dos valores e cortes anteriores, mas não irão suportar o mesmo volume e qualidade de atendimento com esse corte em plena pandemia”, diz nota da federação.

A entidade informou que, na segunda-feira (11), terá reunião com o Ministério Público estadual para avaliar as possíveis ações com a finalidade de barrar o corte.

Outro lado

A Secretaria de Estado da Saúde disse, em nota, que tem atuado para salvar vidas e combater a pandemia de covid-19 e que, com o recrudescimento da doença em São Paulo e em outros países, “este combate segue como eixo prioritário de atuação, sendo necessário equacionamento orçamentário de caráter transitório”.

Segundo a secretaria, foram repassados R$ 2,5 bilhões em convênios firmados pela pasta com Santas Casas, entidades filantrópicas e serviços que integram o SUS em 2020. “O valor é 65% superior ao total de recursos destinados pela pasta exclusivamente para combate ao coronavírus”, diz a nota.

A pasta acrescentou que “os ajustes estão amparados na Lei Orçamentária referente ao exercício de 2021 e não representam prejuízo aos pacientes da rede pública de saúde, sendo prerrogativa dos gestores atuar para o uso adequado dos recursos públicos”.

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