O jauense Ricardo De Callis Pesce hoje mora em Bauru, mas não deixou de lado suas origens. Alguns meses atrás enviou mensagem sobre a Rua Major Prado, onde passou boa parte de sua infância e juventude, em razão da Casa De Callis cujo proprietário, Domingos de Callis, era tio de sua mãe, dona Magaly De Callis Pesce. Suas lembranças serão transcritas em breve, neste espaço. Mas um detalhe chamou minha atenção. Foi quando fez a seguinte observação: “... sobre os conjuntos jauenses, parece-me que falou mencionar dois: Os Bárbaros e Embalo 68, uma vez, embora de menor expressão, também fizeram parte da cena musical da época...”. E complementou: “... o grupo Os Faraós precederam o surgimento do Embalo 68. Mas Os Bárbaros chegaram a tocar em um espetáculo realizado no palco do Cine Jaú. Sei pouco sobre seus integrantes. O guitarrista era filho de um motorista de taxi e se chamava Chiquinho. Morava na Rua Maestro Heitor Azzi. O conjunto se dissolveu, mas o jovem continuou tocando por algum tempo na cidade...”.
Feito o registro, coube ao Sérgio de Souza Gomes complementar as informações contando que: “... O Faraó surgiu em 1967 e eu fiz parte dele, na formação original, junto com o Rodolfo Cristianini, Roberto Sabatino, Luiz Blassioli e Celso Pollini. Os acidentes de percurso trouxeram, então, o Paulo Celso Beltrame e Mário Ricardo Marsiglio Schwarz, substituindo a Rodolfo e Sabatino. O sempre lembrado Gil Fernando de Barros entrou no lugar do Pollini. Mais adiante, passaram a compor o grupo o Pedro Sérgio Fraccaro e Ricardo Pesce, todos na faze noturna do Roda Viva, onde a gente tocava sempre. Já o Embalo 68 é do mesmo ano. Além de mim, Sérginho, Blassioli e Pesce, faziam parte da turminha Zezé Schwarz e José Vicente Contador. Os dois conjuntos tinham em comum o prazer de simplesmente tocar. Talvez seja esse o motivo que me levou a participar de ambos, pois quando se faz algo por amor à arte, o ganho é muito mais gostoso...”.
E já que estamos falando de música, cabe registrar que a cidade conta, atualmente, com uma orquestra, comandada por Fábio Lopes, um idealista, que conta com o apoio e incentivo da Secretaria de Cultura, possibilitando à população reviver os áureos tempos dos dois grandes grupos que levaram o nome musical da cidade para outros estados. E, à juventude, conhecer o que a Capelozza e a Continental realizaram em termos musicais. Mas as formações orquestrais não ficaram restritas apenas às duas grandes bandas. Dos arquivos implacáveis do amigo Ítalo Poli veio a informação de que, em meados da década de quarenta, o Grêmio Paulista possuía uma orquestra que levava o nome do clube, ou seja, Grêmio Orquestra, tanto que, entre outras ocasiões, animou uma reunião dançante denominada Baile do Café. Afinal, essa cultura ainda era preponderante e ainda fazia a riqueza da cidade, antes da chegada da cana.
Desse conjunto faziam parte, entre outros músicos: Antonio Ometo, Sebastião Fonseca, Hermínio Arone, Albino e José Montmor. E tem mais: o tradicional clube também mantinha um coral e um grupo de teatro amador. O amigo Ítalo Poli informou que o Grêmio Paulista, antes de adotar essa denominação, chamava-se Clube Dançante Operário que mantinha, entre outras atividades, um grupo coral, cujas apresentações aconteciam regularmente, sob a regência de Orpheu Delfino. A localização era a mesma de hoje. Contou, ainda, que em 1940, residia ao lado e teve que se mudar, uma vez que o prédio foi adquirido, para o surgimento da nova agremiação. Nos anos sessenta, o prédio original foi substituído pela construção atual, bem mais ampla.
Em 1946, surgiu um grupo denominado Conjunto Guarani e dele participaram as senhoritas Edna e Lidia Ferraz, Amélia Gandis Teixeira e Josias Ferraz. Essas informações, bastante curiosas demonstram o que foi o empreendedorismo musical dos jauenses. Afinal, um dia as novas gerações, talvez, quem sabe, possam se interessar pela história musical da cidade e continuar “relembrando conjuntos jauenses...”.
P. Preto é jornalista.
p.preto@hotmail.com