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Sexta, 29 de março de 2024

AS ALEGRIAS DO VERÃO

16 de Jul 2020 - 10h:57

Contei, na semana passada, as minhas peripécias de viagem. Creio que não sou o único a sofrer com os inconvenientes das estradas e já encontrei muitos conhecidos que acabam relatando as suas peripécias ao volante. Mas, para quem quer viajar no verão e aproveitar as férias escolares, não tem outro jeito.

   Com todos os contratempos já descritos, termino a descida da serra e chego ao meu destino. Encosto o carro e juro que só retorno ao volante no final da semana. Aí começa a operação descarga do porta malas e de lá vão saindo as sacolas, as bolsas, as caixinhas com utilidades domésticas, ventilador - um santo remédio no verão deste ano- e os apetrechos de praia. Ajeitadas as coisas nos seus devidos lugares, é hora de dar uma olhada no mar. Passa um pouco das duas da tarde,  o céu está  bem azul, sem nuvem alguma, faz um calor de quase trinta e cinco graus e, mesmo assim, tem gente na praia. Alguns, inclusive, curtem o sol em busca do bronzeado que faz a alegria do verão.

   Depois das quatro, com o sol um pouco menos agressivo, é hora de dar o primeiro e esperado mergulho. Vou para a água e sinto o prazer das ondas mansas que ajudam a minimizar o calor. Ao meu lado, uma moça de óculo segura um bebê e, quando mergulho, ouço-a dizer à criança: “olha, vovô está boiando”. Levanto pronto para a resposta: “-vovô é a...”, mas acho melhor manter as coisas calmas e dou um sorriso que, por si só define o meu pensamento. Volto para a areia e resolvo curtir a paisagem que inclui, além do mar, jovens que desfilam biquínis reduzidos, capazes de provocar só bons pensamentos. Afinal, é justamente essa a grande alegria do verão.

Reprodução - Pixabay

   Continuo ali, observando os acontecimentos. Ao meu lado, um senhor toma calmamente uma caipirinha, saboreando cada gole. Um pouco mais adiante, a turma do futebol na areia vai se juntando e, em poucos minutos, uma animada partida tira o sossego do pessoal. Uma bolada leva para longe o copo do homem que profere alguns palavrões. Um garotão, com cabelos na altura dos ombros vem buscar a bola e pede desculpas naquele jeitão próprio da idade: “-desculpa, tio. Não foi por querer, tá?”, mas nem espera pela resposta. O jogo prossegue animado, enquanto o cidadão se levanta e vai buscar outro copo.

   Continuo ali, sentado na minha cadeira preferida, vendo as ondas que se aproximam com a subida da maré. O sol, ainda quente, começa a cair no horizonte e vai dourando a água, ao longe, numa espécie de pintura que só a natureza sabe fazer. Uma jovem, com uma vestimenta bem sumária pede fósforo para o cigarro. Bem próximo um rapaz se prontifica a atende-la e, quando ela se abaixa, proporciona uma belíssima visão. O homem, ao meu lado, com uma nova caipirinha dá um sorriso maroto. Ela retribui sem qualquer constrangimento: “-gostou?”, e se afasta rebolando, ciente das formas que Deus lhe deu. Uma nova bolada atira longe a bebida do coitado. Desta vez ele xinga mais alto e o  garotão retorna, com o mesmo pedido de desculpas.

   O homem se acomoda na cadeira e puxa prosa. Falamos sobre amenidades, principalmente sobre as inconveniências do futebol na areia, as moças bonitas que passam e, principalmente, das pequenas alegrias que a vida nos reserva, como esses momentos descontraídos que fazem “as alegrias do verão...”


p.preto

Paulo Oscar Ferreira Schwarz


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