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Sexta, 19 de abril de 2024

AFINAL, ELES SÃO OS LEITORES

19 de Nov 2021 - 15h:08

A principal rua da cidade, os inesquecíveis cinemas que fizeram a diversão dos moradores, o Grupo Escolar Major Prado e até a figura de vários professores foram alguns dos assuntos abordados ao longo das últimas semanas, provocando manifestações de inúmeros leitores através das redes sociais.

O doutor Rui Carvalho Piva é, hoje, um expoente nos meios jurídicos, mas foi um jovem que circulou pelas ruas da cidade e lembra muito bem dessa época. Recentemente ele nos contou o seguinte “... os policiais que evitávamos com nossas lambretas, às vezes apareciam na porta do Cine Jaú entre eles o Dito e o Gelo...”. Aliás, quando escrevi sobre os cinemas há tempos extintos, muitos relembraram a figura do pipoqueiro que permanecia, todas as noites, com calor, frio ou chuva, ao lado da porta de baixo, próximo ao poste. Este continua lá, no mesmo lugar, como testemunha muda da história. Algumas pessoas destacaram o gosto do molho de pimenta colocado no produto. E aí foi a vez do doutor Carlos Alberto Contador informar: “... naquela época não existia pimenta para pipoca. Isso é coisa recente. O nome do pipoqueiro era Pedro, já falecido. Seu irmão Manoel, ainda vivo, residindo na Rua da Polenta, continua produzindo os famosos amendoins, com o mesmo sabor...”.

A pipoca fazia a alegria dos espectadores, até por ser mais barata, principalmente quando o cheiro adentrava a sala de projeção. Um dia, o gerente do cinema, que era o dono da bomboniére, proibiu a aquisição do produto como forma de aumentar a venda de balas Chita, Toffe e bombons Sonho de Valsa. Claro, até concordo que a sujeira produzida pela pipoca era muito maior, mas a concorrência fazia uma grande diferença. Marli Chamaricone disse que, durante muito tempo, colaborou com o gerente, auxiliando a venda das guloseimas, em troca do ingresso livre, quando possível. De São Paulo, onde é cobra nas questões ligadas à Biologia Marinha, doutor Carlos Eduardo da Rocha informou que lá em sua Itápolis natal, em sua época de moço, o segundo pavimento dos cinemas eram denominados “poleiro”. Aqui também. Isso quando não o chamavam de pulgueiro. E tem mais. Costumavam dizer que quem apresentasse uma pulga com o carimbo da Empresa Pedutti, ganhava ingressos para vários dias.

Ricardo De Callis Pesce, residente em Bauru, destacou a figura de Nicola Guarda-Roupa. Contou que o mencionado tipo popular perambulava pelas ruas centrais usando vários paletós, carregando um saco de juta nas costas e cantarolando o refrão de conhecida melodia: “... tenho passado tão mal/ a minha cama é uma folha de jornal...”. E prossegue o leitor: “... pois bem, a música chamou a atenção de um integrante do Conjunto Os Temíveis. Esse guitarrista pesquisou a encontrou a obra de Noel Rosa chamada “O orvalho vem caindo”. A partir daí, o pessoal passou a tocar a música em todos os bailes. E tem mais. Enfocando os conjuntos da cidade, Os Faraós precederam o Embalo 68, embora os primeiros tenham participado de um espetáculo que teve lugar no palco do Cine Jaú. Sei pouco sobre seus integrantes, mas o guitarrista, com o apelido de Tuguesa, era filho de um motorista de taxi. Nunca mais soube qualquer coisa sobre esse músico jauense...”.

Coube ao Sérgio de Souza Gomes, com sua excelente memória, completar o relato: “... o guitarrista que veio de São Carlos para substituir o Osvaldo Martins que havia se transferido para outro grupo, chamava-se Antonio Carlos de Barros ou Toninho Barros, para os íntimos. Lá em sua terra ele integrava o pessoal do Paulinho e os Brasinhas. Além de guitarrista era cantor. Coube e ele o pioneirismo na interpretação de sucessos como A Whiter Shade of Pale e Georgia on my mind...”.

O texto de hoje ficou bem diversificado, mas era preciso mostrar as correspondências daqueles que acompanham este espaço semanal, pois ele só existe em razão de todos os colaboradores e suas lembranças. “Afinal, eles são os leitores...”.

P. Preto é jornalista. p.preto@hotmail.com

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