Ele deixou tudo para trás por causa de um único objetivo: descobrir a importância da água em cada região do País. Para tanto, o professor de Geografia Márcio Martins, de 38 anos, abandonou as mais de 50 aulas que dava em escolas particulares de Bauru, Barra Bonita, Botucatu e Jaú, vendeu o carro e percorreu 13 estados brasileiros de bicicleta. O Projeto Pedalágua foi realizado entre 3 de janeiro e 10 de dezembro de 2016, mas os resultados só começaram a tomar corpo recentemente. Na semana passada, que antecedeu o Dia Mundial da Água, celebrado em todo 22 de março, o docente lançou cinco episódios de um documentário sobre o assunto no seu canal do YouTube.
De acordo com Martins, que nasceu em Jaú, mas vive em Bauru desde 2008, o valor da água é circunstancial. "No Nordeste, o líquido é inestimável, mas nós, do Sudeste, que temos fácil acesso, não o valorizamos tanto", explica.
Diante disso, o profissional pretende sensibilizar as pessoas a dar valor à água antes de perdê-la de uma vez por todas. "Existe uma mudança climática em curso e nós não sabemos se as estações do ano se comportarão da mesma maneira quanto às chuvas", acrescenta. O professor prepara um material didático composto por cinco atividades coletivas - entre elas, feiras e exposições -, além de seis individuais. Quer disponibilizar o conteúdo, gratuitamente, para qualquer escola interessada.
Paralelamente, Martins lançou, entre a última segunda (15) e sexta-feira (19), cinco episódios, um em cada dia, do documentário "Qual é o valor da água?". Eles estão disponíveis no seu canal do YouTube, o Pedalágua.
No Dia Mundial da Água, celebrado nesta segunda-feira (22), o professor pretende divulgar um episódio especial intitulado "Qual é o valor da lama?".
O material foi captado em julho de 2019, quando ele viajou de avião até Brumadinho, em Minas Gerais, para estudar as consequências do rompimento da barragem controlada pela Vale.
Na ocasião, o docente não entrevistou qualquer morador daquela cidade. "Todo mundo recebia alguma indenização da empresa e se sentia desconfortável em falar", justifica.
Por isso, ele só captou imagens e fez um exame toxicológico da lama, que era puro minério de ferro. "Eu até questionei a Vale, por e-mail, se eles tinham a intenção de usar aquele material para mineração, pois daria para lucrar bastante, mas ninguém me respondeu", observa.
VERSÃO LOCAL
A experiência de Martins o estimulou a pensar em uma versão local do Pedalágua, afinal, Bauru sofreu uma das maiores crises hídricas da sua história em setembro último. Agora, o professor pensa em ir até a fonte de água que abastece boa parte da cidade, no Rio Batalha, para entender a forma pela qual é extraída e conscientizar a população sobre a importância de economizar.
Dificuldades
Com R$ 16 mil no bolso, dinheiro proveniente do carro que vendeu antes da viagem, o professor Márcio Martins visitou os estados do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
O docente chegou a dormir em igrejas, universidades, casas de apoiadores do projeto e até na rua. "Em Fortaleza, roubaram a minha bicicleta, mas um grupo de pessoas se uniu e comprou uma nova para que eu pudesse seguir viagem", rememora. Martins também aprendeu a trocar comida por fotos da sua viagem junto aos restaurantes. "As pessoas gostavam de ouvir as histórias e ajudar o projeto", explica. Porém, segundo ele, a maior dificuldade foi o recomeço. "Eu dava 50 aulas e, na volta, consegui oito, mas, aos poucos, retomei a minha vida de antes", revela.
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SERVIÇO
Para saber mais sobre o Pedalágua, existem vários canais: pedalagua@gmail.com (e-mail), (14) 99876-0936 (telefone), http://pedalagua.com (site e blog), https://www.instagram.com/pedalagua/ (Instagram), https://www.facebook.com/pedalagua (Facebook) e https://www.youtube.com/pedalagua (YouTube).