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Terça, 16 de abril de 2024

A RUA MAJOR PRADO DE OUTROS TEMPOS – 44

30 de Jul 2020 - 15h:39

Estamos de volta às narrativas sobre a principal rua da cidade que, como disse a professora Vera Lúcia de Toledo Pedroso, “ela era a nossa Avenida Paulista. Por isso nos traz grandes recordações...”. Concordo com ela. Em nosso último enfoque estávamos na esquina com a Rua Amaral Gurgel. Tendo em vista as inúmeras modificações pelas quais passou ao longo das últimas décadas, é preciso considerar o que funcionou nas imediações. Assim, logo após o monumental prédio do Jahu Clube, ainda existe um sobrado que, atualmente, abriga uma loja de produtos eletrônicos. O local sediou, por muito tempo, no andar superior, os estúdios da Rádio Jauense, cujo velho prefixo ainda permanece na memória de muita gente: PRG-7, uma das emissoras coligadas. 

                              A história começa lá na década de trinta, quando poucas localidades possuíam esse tipo de entretenimento. Afinal, o início das transmissões radiofônicas, no Brasil, data de seis de abril de 1919, com o surgimento da PRA-8, Rádio Clube de Pernambuco. Mas, oficialmente, considera-se o dia sete de setembro de 1922, com a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por Edgard Roquette Pinto, a data oficial do início das transmissões radiofônicas no país. Afinal, naquele dia comemorava-se o centenário da independência do Brasil e o presidente Epitácio Pessoa, ao lado dos reis da Bélgica, havia proferido o primeiro discurso transmitido para a cidade do Rio de Janeiro, que era a capital federal. 

                              Pois bem, segundo o sítio da emissora e detalhes enviados pelo amigo Sérgio de Souza Gomes, no dia 15 de Maio de 1934 Ulysses Newton Ferreira, juntamente com os irmãos Licurgo e Feliz Capinzaiki, ao lado do professor João Jacintho de Almeida criaram uma empresa com a razão social Rádio Sociedade Jauense Ltda., que começou a funcionar nos altos da Rua Capitão José Ribeiro. Contudo, a inauguração oficial aconteceu apenas em 19 de novembro. As instalações já haviam se transferido, então, para um prédio situado na Rua Amaral Gurgel, naquela porta entre o antigo Bar do Vinício e a Papelaria Seleta. Segundo memórias do sempre lembrado Romeu Frisina, nesse local existia um alto-falante que “irradiava” as notícias importantes para toda a comunidade, principalmente a informação, em 1945, de que a segunda grande guerra havia terminado.


                              Já na reta final da década de quarenta, os estúdios mudaram para o andar superior da Casa Midena, na Rua Major Prado, onde permaneceu até início dos anos sessenta, quando foram instalados no prédio que, anteriormente, era ocupado pelo Conservatório Jauense de Música. O local possuía, inclusive, auditório para 230 pessoas sentadas, cuja inauguração ocorreu em 20 de janeiro de 1960, com um show do então famoso cantor Francisco Carlos, galã e cantor de inúmeros filmes nacionais. No dia 14 de junho de 1969, um incêndio destruiu parcialmente o imóvel e os estúdios foram, primeiramente, para os salões do Aero Clube e, depois, para o prédio localizado na esquina das Ruas Quintino Bocaiuva e Humaitá, no andar superior do supermercado pioneiro da cidade. 

                              Retornando à história da empresa, ainda segundo o amigo Sérgio de Souza Gomes, dos quatro sócios do início, em 1934, apenas Ulysses Newton Ferreira deu continuidade às atividades e, a partir dos anos cinquenta, com o surgimento das Emissoras Coligadas S.A. o nome foi alterado para Rádio Jauense S.A., com trinta e duas emissoras. Depois, a denominação foi alterada para Rádio Jauense Ltda., já em fins dos anos setenta, por força de decretos federais que disciplinava o monopólio dos sistemas de rádio e televisão, limitando em sete o número de prefixos para uma mesma organização. A emissora local permaneceu firme ao longo das décadas.

                              A história dos prefixos é a seguinte: de 1934 a 69 permaneceu o mais conhecido: PRG-7. De 69 a 78, ZYE-217. A partir de então, o atual: ZYK-602. De uma forma ou de outra, a rádio sempre fez parte da cidade conhecida, principalmente, desde o funcionamento na principal artéria da cidade, quando era a única. Ela se confunde com a própria história daquilo que foi “a Rua Major Prado de Outros Tempos...”.   


Paulo Oscar Ferreira Schwarz

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